Mesmo em dias mais tranquilos, como aparentava a noite de segunda-feira, os passageiros das Barcas S/A tiveram que enfrentar filas e esperar muito tempo para chegar em casa. A equipe do jornal Fluminense embarcou em uma viagem de volta do Rio para Niterói e viu de perto o que a população passa.
A reportagem chegou à estação por volta das 17h40 e ficou acompanhando a movimentação do lado de fora. As principais queixas dos passageiros são superlotação, filas grandes e atrasos. Segundo eles, o dia mais complicado para utilizar as barcas é na sexta-feira.
Quinze minutos depois da chegada, um barulho de extintor de incêndio chamou a atenção. Um princípio de fogo assustou passageiros que aguardavam do lado de dentro e de fora da estação. Uma fumaça preta saia de dentro dos banheiros, que ficam em um corredor ao lado das bilheterias. Após a dispersão da fumaça, o trânsito de usuários continuou normalmente.
Por volta das 18h, a Estação da Praça XV começou a encher e usuários corriam para passar pela roleta e evitar pegar as filas que se formariam logo a seguir. Após esse horário, quem chegava à estação só conseguia ultrapassar a roleta para esperar a embarcação das 18h30.
No horário de rush, os passageiros geralmente seguem três etapas para chegar ao outro lado da Baía de Guanabara: filas antes das roletas, espera no salão de embarque e outra espera do lado de fora, perto do atracadouro.
Às 18h53, a equipe ultrapassou a roleta para aguardar a partida extra das 19h05, que seria realizada pela embarcação tradicional Martim Afonso. A chegada a Niterói aconteceu às 19h25. Durante a viagem, foram constatadas irregularidades como passageiros sentados nas escadas e em pé na frente da embarcação. Funcionários da embarcação passavam entre os passageiros e não faziam nada.
Segundo a concessionária Barcas S/A, o princípio de incêndio foi provocado por um passageiro que jogou uma ponta de cigarro em uma lixeira do banheiro.
Pane dia 23 – No último dia 23, a embarcação Ingá II, que saía de Niterói para a Praça XV, colidiu contra pedras próximo ao Caminho Niemeyer, ao lado da Estação Araribóia, em Niterói. O acidente deixou 18 pessoas feridas e provocou longas filas. Uma pane elétrica teria sido a causa.
Apenas uma das vítimas permanece internada, sem previsão de alta. A universitária Mônica das Graças da Rocha Coutinho, de 42 anos, reclama da falta de assistência da concessionária e do fato de não estar na lista oficial da Secretaria Estadual de Saúde. Ela está com perfuração pneumotórax, amassou parte do pulmão e quebrou uma costela. O quadro se agravou para uma pneumonia e água na pleura.
“Eles mandaram funcionários me acompanharem, mas não fazem nada efetivamente. Preciso pagar R$ 60 por dia para minha irmã dormir comigo, pois não posso levantar sozinha. Já imaginou se eu não tivesse plano de saúde? No Hospital Azevedo Lima me liberaram dizendo que eu só tinha quebrado a costela”, contou.
Até a noite desta terça-feira, a concessionária Barcas S/A não se pronunciou sobre a paciente internada.
Até a noite desta terça-feira, a concessionária Barcas S/A não se pronunciou sobre a paciente internada.
Passageiros reclamam
O bancário Magno Guimarães, de 24 anos, que mora em Itaipu e trabalha no Leblon, passa por todas as dificuldades diariamente e explicou que o tempo de espera para desembarcar na Estação Araribóia é de 30 minutos em dias de menos movimento. Ele afirma que, em dias de maior movimento, a espera passa de meia hora. O jovem revelou que, há cerca de seis meses, demorou mais de uma hora para desembarcar em Niterói.
“Nós pagamos uma passagem por um serviço que deveria ser excelente. O que não acontece. Se eles pegassem parte do lucro que ganham e investissem, os passageiros se sentiriam melhor e mais confortáveis. O número de barcas e de pontos de atracação deveriam ser aumentados”, sugeriu.
A auxiliar de escritório Tatiana dos Santos Silva, de 28 anos, disse estar evitando pegar as barcas no período da manhã, pois não quer chegar atrasada no trabalho nem ter que enfrentar filas para embarcar. Ela mora em São Gonçalo e trabalha no Centro do Rio.
“De manhã, vou de ônibus sempre, pois não quero chegar tarde no trabalho nem me estressar com a espera. No retorno para casa, como não tenho horário fixado, venho de barca e encaro as filas. Este é um serviço horrível”, declarou.
Trabalhando no mesmo lugar que Tatiana, a também auxiliar de escritório Marta Maria de Souza, de 47 anos, contou que desistiu de utilizar o transporte marítimo.
“Eu prefiro sair mais cedo de casa a ir para o trabalho de barca. Não gosto do serviço que eles prestam. Hoje (segunda-feira), por exemplo, cheguei à estação às 18h20 e só consegui embarcar na viagem das 19h. Só vim de barca para acompanhar a Tatiana”, explicou.(O Fluminense)
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