Três pesquisas sobre a corrida presidencial foram concluídas nesta segunda-feira, com resultados sensivelmente diferentes. Na média das três, Dilma Rousseff (PT) tem 54% dos votos válidos, o que indica vitória ainda no primeiro turno. O cálculo leva em contas as pesquisas Ibope e Sensus (ambas deram 55% dos válidos para a petista) e a Datafolha divulgada ontem (outra será divulgada esta noite), que deu 51% dos válidos para Dilma.
Na média dos três institutos, Dilma tem 48% do total de votos, José Serra (PSDB) tem 27% e Marina Silva (PV) chega a 13%. A soma dos candidatos dos pequenos partidos dá 1%. Excluídos os votos nulos e brancos e os eleitores indecisos, Dilma tem, na média, 54% dos votos válidos, contra 30% de Serra, 14% de Marina e 1% dos nanicos.
Considerada a margem de erro de dois pontos porcentuais, Dilma teria, no mínimo, 52% e no máximo 56%, considerando-se a média das três pesquisas. Isso deveria ser suficiente para definir a eleição no primeiro turno, mas há outros fatores, que não são captados pelos institutos de pesquisa, que podem tornar a eleição mais apertada do que parece. É o chamado erro não-amostral.
Tradicionalmente, o candidato que lidera as pesquisas é mais penalizado pela abstenção e pelo erro do eleitor na hora de votar. Nesta eleição soma-se um terceiro fator, que, por inédito, ninguém sabe avaliar qual impacto terá: a necessidade de o eleitor apresentar dois documentos oficiais, o título de eleitor e outro documento com foto, para poder ir à urna. Esses três fatores juntos criam o que se poderia chamar de 'zona de confusão', que se soma à margem de erro.
No primeiro caso, parte de eleitorado do líder nas pesquisas considera seu candidato praticamente eleito e tem menos disposição de sair de casa para votar, o que aumenta mais a abstenção dos eleitores do favorito do que dos adversários. Esse fenômeno se intensifica quando o candidato tem mais votos entre idosos e analfabetos, que não estão obrigados a votar. Se chover, pior ainda.
O erro na hora de votar é mais comum para eleitores de baixa escolaridade, que podem se confundir com a esdrúxula ordem de votação (primeiro para deputado estadual, depois para federa, senador 1, senador 2, governador e presidente) ou por ignorar o número do candidato de sua preferência. Para ser líder, o candidato tem que ter necessariamente mais votos entre os menos escolarizados, daí correr mais risco de perder votos por erro do eleitor.
O terceiro fator que pode aumentar o erro não-amostral, a necessidade de dois documentos para o eleitor votar, dá um poder inédito para os mesários, que serão os responsáveis pela decisão de aceitar ou não os documentos apresentados pelo eleitor.
Um mesário com preferência partidária, pode, em tese, barrar eleitores que identifica como de oposição a seu candidato com base em discrepância nas assinaturas ou na foto (em caso de o documento ser velho). Mas esse é um fator inédito, que não se sabe se pode prejudicar um candidato mais do que outro.
Juntando-se todos os potenciais erros não-amostrais, pode-se, com base em eleições anteriores, projetar de um a dois pontos de incerteza além dos dois pontos da margem de erro. Na prática, um candidato com, por hipótese, 53% dos votos válidos, já estaria dentro dessa zona de confusão. Sua probabilidade maior é vencer no primeiro turno, mas não há certeza de vitória.(Estadão- Notícias)
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