terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Cinema Icaraí é desapropriado pela Prefeitura de Niterói


Município entra em campo e ajuda UFF a dar uso para o imóvel. Espaço será sede da Orquestra Sinfônica Nacional e terá ainda sala de cinema e centro cultural

Agora é oficial. Após muita discussão e idas e vindas, o prédio do antigo Cinema Icaraí - fechado desde fevereiro de 2006 - está desapropriado pela Prefeitura a partir desta terça-feira, com a divulgação do decreto assinado pelo prefeito Jorge Roberto Silveira. No mesmo dia, às 17 horas, o chefe do Executivo transfere o imóvel para a Universidade Federal Fluminense (UFF), em cerimônia no seu gabinete, com a presença do reitor da UFF, Roberto Salles, e do antigo proprietário do prédio, Fernando Policarpo, da construtora Koopex. A informação foi dada nesta pela assessoria da Prefeitura. 
O espaço será sede da Orquestra Sinfônica Nacional (OSN), da UFF e também terá ainda uma grande sala de cinema e centro cultural. 
“Primeiro, vamos ver em que situação está o prédio. Depois, faremos um concurso entre os estudantes da Faculdade de Arquitetura da universidade para a escolha de um projeto do novo centro cultural da instituição. Em seguida, procuraremos recursos junto a Petrobras, Caixa Econômica Federal (CEF) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Em seguida, uma reforma será iniciada, mas não temos previsão de quando. Depende de como está o imóvel”, informou Salles. 
A divergência sobre o valor do imóvel - a UFF ofereceu R$ 10,6 milhões e a Koopex pedia R$ 18 milhões (calculado, segundo ela, pelo Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) - provocou a demora nas negociações entre a universidade e a empresa. De acordo com o reitor da UFF, caso a Koopex não concorde com o valor de indenização a receber pela desapropriação, poderá recorrer à Justiça.
“A CEF avaliou o imóvel em R$ 10,6 milhões e liberou este valor para o Ministério da Educação (MEC) que nos repassou. A briga da empresa não é mais com a gente”, esclareceu Salles. 
Procurado pela reportagem, Policarpo declarou que irá esperar pelo valor oferecido pelo Município no ato da desapropriação. 
“Tudo depende da forma que será feita esta desapropriação. Isto é um direito da Prefeitura, mas, tem que ser feito o pagamento o mais rápido possível e não apenas a divulgação da indenização. Acho que o processo da desapropriação está seguindo todos os parâmetros corretos. Não tenho como avaliar a situação agora, pois não sei qual vai ser o valor oferecido. Irei aguardar”, disse o empresário, que comprou o imóvel em 2008 por R4 5,5 milhões, da empresa de cinemas Luiz Severiano Ribeiro.  
De quando foi fechado até hoje, o prédio está deteriorado e a entrada, coberta por marquise, serve de abrigo para moradores de rua. Construído em 1941, no estilo art-decó (representativo dos prédios da  época e que hoje é o último exemplar do estilo na cidade), tinha uma sala de cinema com 811 lugares. Em 2008, foi tombado provisoriamente pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Tramita hoje na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), projeto do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) pedindo o tombamento definitivo. 
No ano passado, o vereador Waldeck Carneiro (PT) fez indicação pedindo ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que o imóvel fosse utilizado como centro cultural e sede da OSN.  Pedido que foi atendido este ano.  De lá para cá, a sociedade se mobilizou pela salvação do prédio e a recuperação do cinema. (O Fluminense)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Gran Circus: tragédia que arde na memória da cidade há 50 anos

Sobreviventes do incendio que deixou cerca de 500 mortos no Centro de Niterói e abalou a cidade ainda guardam cicatrizes.


No próximo dia 17 a maior tragédia de Niterói completa 50 anos. Em 1961 um incêndio criminoso no Gran Circus Norte-Americano deixou quase 500 mortos no Centro. Quem enfrentou as chamas de perto ainda guarda na memória a dor e o sofrimento causados pela tragédia. É o caso da aposentada Lenir Ferreira, de 75 anos, uma das sobreviventes do incêndio. Na época, grávida de quatro semanas, ela perdeu o bebê, o marido e os dois filhos pequenos, de dois e quatro anos, no dia em que esperava ter sido de festa e diversão. Ao contar detalhes do drama vivido, Lenir diz ainda lembrar com clareza dos gritos do marido.

“O som que eu tenho na minha mente até hoje é do meu marido chamando ‘Lenir, meu amor’. Foram as últimas palavras dele”, recorda emocionada a aposentada, que na ocasião foi salva por um soldado do Corpo de Bombeiros que a pegou pelo braço e a levou para uma ambulância, junto com seus dois filhos menores, de dois e quatro anos, que não resistiram às queimaduras.

Na época, o apoio de familiares foi fundamental para ajudar a superar o trauma, impedindo que ela soubesse de forma abrupta que havia perdido o marido e os filhos que tanto amava. 

“A ambulância estava muito cheia e não tínhamos lugar para ficar. Tinha gente até no chão. Lembro que meu filho gritava por mim, pois sentia muita dor”.

 As marcas não ficaram apenas na memória. Ela também traz no corpo as cicatrizes da tragédia, tendo passado por várias cirurgias reparadoras para amenizar as marcas deixadas pelo fogo. Lenir também conta que passou por inúmeras sessões de fisioterapia que foram realizadas na Associação Fluminense de Reabilitação (AFR).

“É um passado bastante presente. Não consigo esquecer. A minha sorte é que eu sempre fui muito alegre e procuro não me lamentar tanto. Temos que tocar a vida adiante”, desabafa.

O incêndio criminoso teria sido cometido por motivo de vingança, depois de um simples desentendimento entre o dono do circo e um ex-empregado. Além das centenas de mortes, outras centenas acabaram pisoteadas, carbonizadas e mutiladas. A tão esperada tarde de domingo, que seria a estreia do espetáculo, ocorreu uma semana antes do Natal.

O fogo ateado pelo ex-funcionário na lona inflamável do picadeiro atingiu grandes proporções em questão de minutos. De acordo com relatos e noticiários da época, a cobertura de nylon, em chamas, pesando seis toneladas, caía em gotas de fogo sobre uma plateia de três mil pessoas, a maioria crianças. 

Faltavam apenas 20 minutos para que o primeiro espetáculo, a matinê, se encerrasse com chave de ouro. A trapezista que se preparava para dar o salto tríplice mortal começou a gritar anunciando o fogo e caiu sobre a rede de proteção. Os animais também ficaram feridos enquanto outros morreram presos dentro das jaulas. Uma elefanta conseguiu abrir um rasgo na lona lateral do picadeiro, o que fez com que várias pessoas escapassem. 

Chamas, fumaça e destruição

A empresária Marília Gomes, de 64 anos, escapou por pouco da tragédia. Ela já havia comprado os ingressos para assistir ao espetáculo da matinê com a família, mas por alguns contratempos, acabou chegando atrasada e se deparou com o quadro aterrador. Em meio às chamas, fumaça, destruição e os gritos de pânico, as pessoas buscavam as saídas e atropelavam as que já estavam caídas ao chão. Só restou aos bombeiros resgatarem os sobreviventes que estavam entre os destroços e os corpos carbonizados e pisoteados. Ao todo 372 foram encontradas mortas, muitos feridos não resistiram e morreram nos próximos dias. 

“Vimos muita gente queimada sendo socorrida e transportada por caminhões, pois não havia ambulâncias suficientes. Foram cenas bem chocantes, acredito que a maior parte das famílias de Niterói e municípios vizinhos perderam parentes nesse incêndio. Foi muito triste também porque estava em época natalina e a cidade ficou completamente vazia”, lembra.

Muitos corpos não foram reconhecidos e os restos mortais foram sepultados em covas coletivas. O ginásio Caio Martins se transformou numa fábrica improvisada de caixões, enquanto o cemitério do Maruí, no Barreto, já não possuía capacidade suficiente para enterrar todas as vítimas da tragédia, 70% delas crianças. A Prefeitura de São Gonçalo teve a iniciativa de desapropriar algumas terras do Palacete do Mimi para construir às pressas um novo cemitério, o São Miguel.

A tragédia também deixou marcas no picadeiro. O palhaço Carlos André Farias, que começou na carreira há 25 anos, lembra dos pais e amigos, também circenses, recordando a tragédia.

“Comecei na profissão de palhaço ainda pequeno e sempre ouvia falar neste episódio. E passados quase 50 anos as pessoas com quem falo ainda lembram com clareza da tragédia. Foi o dia em que o circo, lugar de alegria, música e brincadeiras, deu lugar à dor”. 
Crime premeditado

Apontado como responsável pelo espetáculo de horror, Adilson Marcelino Alves, o Dequinha, de 22 anos, era um dos 50 trabalhadores contratados para a montagem do circo. Segundo reportagens da época, ele teria se desentendido com um dos colegas e sido posto para fora do lugar. Dois dias depois, o dono do circo, Dino Stevanovich, o teria demitido sob a acusação de “ladrão preguiçoso”, depois que descobriu que Dequinha já tinha antecedentes criminais.

Ele jurou vingança. Queria ver o circo pegar fogo. E foi isso que aconteceu. Chegou ao local com dois comparsas quando o espetáculo já havia começado. Entrou sem pagar por debaixo da lona e assistiu a tudo enquanto Valter Rosas dos Santos, o Bigode, apontado como comparsa, jogava gasolina de fora do circo.

Minutos antes do espetáculo acabar, ele teria ateado fogo em tudo - mesmo sabendo que alguns de seus amigos estavam lá dentro. Adílson Marcelino Alves foi réu confesso e confirmou toda a história aos jornalistas, na presença dos policiais. Ele foi condenado a 16 anos de reclusão, mas após cumprir 11 fugiu da cadeia e foi encontrado morto em um beco de Niterói. Bigode pegou 16 anos  e cumpriu 13, até ser solto sob o regime de liberdade vigiada. José dos Santos, o Pardal, outro comparsa, foi condenado a 14 anos, mas foi solto após cumprir 10.(O Fluminense)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Primeiro dia de dezembro chega com ventania e frente fria em Niterói


Na Ponte Rio–Niterói, o trânsito de veículos segue nos dois sentidos, com alerta apenas para motociclistas. 

O fim de tarde para os niteroienses chegou com forte prenúncio de mudança de tempo nas próximas horas. Ventos em torno de 70 km em vários pontos da cidade assustam que volta para casa depois de um dia de trabalho.
Apesar disso, a temperatura permanece em torno de 27º C e deixa muita poeira e sujeira na cidade. O céu se apresenta nublado no fim da tarde.
Na Ponte Rio–Niterói, o trânsito de veículos segue normal nos dois sentidos, com alerta apenas para motociclistas redobrarem a atenção. A concessionária da Ponte S/A, está operando em sistema de comboio para facilitar a movimentação dos motoristas na Ponte.(O Fluminense)