terça-feira, 21 de setembro de 2010

Árvores são vitais para melhorar a qualidade do ar nos centros urbanos

Clima das cidades também é favorecido com a conservação das espécies. Paisagismo nas ruas tem que levar em conta questão ambiental.

Vidraças quebradas, falta de luz frequente, calçadas sujas por folhas e flores. Transtornos quase constantes para os moradores da Avenida Tomaz Edison de Andrade Vieira, conhecida como Rua das Árvores, na Vila Progresso, em Pendotiba. Mas quem disse que eles se queixam? “Eu passo por tudo por essas árvores. Quando chove, o chão fica cheio de sementes que parecem uma lama e vez ou outra ficamos sem luz porque algum galho caiu na rede elétrica. Já precisei trocar os vidros da minha varanda algumas vezes, mas troco tantas quantas precisar trocar. A rua é linda com essas árvores”, diz a empresária Lucila Caldas, de 45 anos.

Na próxima terça, dia 21, o Brasil comemora pela 45ª vez o Dia da Árvore e, mais do que embelezar a cidade, elas são vitais para a sua manutenção. No entanto, em Niterói podem ser encontrados alguns casos de paisagismo onde, na verdade, deveria existir preocupação ambiental. “É possível observar que árvores estão sendo trocadas para dar mais plasticidade à paisagem. Em São Francisco, várias amendoeiras foram retiradas e em seu lugar plantados coqueiros e palmeiras. São plantas bonitas, mas o ambiente urbano precisa de árvores que tenham copa, que produzem sombra e ajudam a amenizar a temperatura”, explica Louise Land, professora da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A Prefeitura informou que amendoeiras estão sendo retiradas para sua substituição por espécies nativas. Porém, coqueiros são também espécies exóticas, nativas do sudeste asiático, e sem muita utilidade. “Já as amendoeiras, bem como as figueiras e ipês ajudam a controlar o clima, captam carbono, diminuem a quantidade de partículas em suspensão, prestam um serviço à comunidade”, defende Louise, que afirma que as árvores com copas ajudam até mesmo na economia de energia, por gerar espaços mais frescos, como o Campo de São Bento, por exemplo, diminuindo o uso de refrigeradores de ar.

Outra área da cidade que ficou menos verde foi a Alameda São Boaventura. As árvores que colaboraram para o nome da via foram retiradas para que faixas seletivas para coletivos fossem construídas. De acordo com o Executivo municipal, “elas foram substituídas em função de uma importante obra para o sistema viário da cidade, no entanto as retiradas foram substituídas por árvores nativas dentro de uma proporção compensatória, ou seja, já foram plantadas um número 20 vezes maior do que as retiradas e este número vai chegar ainda a 50 vezes, num total de cerca de mil árvores ao longo de toda Alameda.”

Enquanto isso, moradores da Rua das Árvores torcem para que as figueiras, que ocupam há mais de um século aquelas calçadas, continuem por lá por muito tempo. “Cresci aqui, entre estas árvores e o meu amor por ela cresceu junto comigo e com minha família. Minha avó não vive sem essas árvores todas. É uma marca na vida da gente e na cidade. Quando vou explicar onde moro, não tem como errar: moro na Rua das Árvores, em Pendotiba”, relata Fabiana Bandeira, de 35 anos.

Plantios
Os interessados em plantar árvores devem ficar atentos para as espécies mais adequadas ao clima da cidade. Oitis, quaresmeiras, ipês e sibipurunas estão entre as mais indicadas. Eucaliptos, araucárias, amendoeiras e outras espécies exóticas devem ser evitadas. Sobre as frutíferas, atenção para o perigo que representam às pessoas que passam em baixo e mesmo a estacionamentos.

Niterói foi a primeira cidade do estado do Rio de Janeiro a assinar um convênio para compensação de emissões de gases poluentes com o plantio de árvores, um contrato firmado com a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). O tratado, assinado em março, prevê a doação à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SMMARH) de 15 mil mudas por ano.

A Prefeitura não informa o número exato de mudas plantadas na cidade, mas, nos condomínios, foram 385 plantadas com apoio de equipes da SMMARH. O programa, que arboriza condomínios, pode ir para as ruas, mas por enquanto a medida está em estudos. Em São Gonçalo, as ruas ganharam, em seis meses, 100 mil novas árvores, arbustos e plantas ornamentais.

De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente de Niterói, José Antonio Fernandez, as parcerias são importantes para que Niterói ganhe mais áreas verdes. “Ajuda para reflorestamento nunca é demais. Antes de fecharmos o acordo os projetos são avaliados minuciosamente por técnicos. Se forem aprovados autorizamos a cessão de mudas.” (Fluminense)

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