Movimento que já era pequeno por conta da sucessiva perda de animais, pode cair ainda mais sem os felinos. Administração do local calcula perdas de 50% na bilheteria
O dia seguinte à retirada de três dos cinco leões da Fundação Jardim Zoológico de Niterói (Zoonit), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), foi de tristeza entre os funcionários. O zoo que no ano passado já havia perdido 49 animais, sob a mesma alegação do órgão federal de que seus recintos estariam superlotados e inadequados, calcula queda de mais de 50% na bilheteria desde então.
Agora, com a perda dos leões, a diretora do zoo, Gisela Candiotto, acredita que o número de visitantes caia ainda mais. Segundo ela, com o deficit na receita, o trabalho de reabilitação de animais, em que o zoo é referência, pode ser prejudicado. A fundação ainda briga na Justiça para reaver os leões.
O advogado do zoo, César Bittencourt, entrou ainda na terça-feira com uma ação popular com pedido de liminar para sustar a transferência dos leões. O recurso foi solicitado junto à 11ª Vara Federal do Rio, porém o juiz se julgou “incompetente” para proferir uma decisão, transferindo a responsabilidade para a Justiça Federal de Niterói. Até esta quarta-feira, no entanto, ainda não havia previsão para o julgamento do pedido.
“Ao transferir esses animais, o Ibama está confiscando um patrimônio dos cidadãos de Niterói, já que o Município contribui em mais de 50% com a receita do zoo. Além disso, esses animais fazem parte da história de grande parcela da população da cidade, que frequenta essa única opção de lazer educativo nessa região.
O Ibama valendo-se de suas prerrogativas de autarquia federal está apoderando-se da fauna, inclusive exótica, na medida em que lhe apetece, determinando transferências de animais para outros zoológicos e criadores particulares, sem sequer indicar, na maioria das vezes, qual o destino dos animais. E isto sem qualquer base legal, já que o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado pelo zoo, o Ibama e o Ministério Público em 2004 já prescreveu em 2009”, declara Bittencourt.
Solitário - Segundo o veterinário Marco Janackovic, a leoa Elza já chegou à Volta Redonda.
“Fui informado que ela chegou bem. Semana que vem irei visitá-la”, conta.
Mas quem não está nada bem é o leão Dengo, nascido no zoo, e que perdeu sua namorada. Ele convivia com Elza há seis anos. Nesta quarta, Dengo nem comeu.
“Ele ainda está triste, sente a falta da namorada. Vamos trocá-lo de recinto com o outro leão, o Sansão, para ver se ele consegue esquecer a Elza e se alimentar”, diz Marco.
O casal de leões Yuri e Naila chegaria ao zoo de Brasília na tarde desta quarta-feira.
Receita - Com a saída dos leões, Giselda estima uma queda na visitação. É que eles eram uma das principais atrações do zoo,
“Com a retirada de animais ano passado, nossa bilheteria já caiu muito, porque as pessoas acham que não temos mais bichos. Se antes arrecadávamos R$ 2 mil num final de semana, passamos a receber R$ 500. Isto acaba prejudicando nosso trabalho de reabilitação de animais, que chegam quase todos os dias ao zoo, pois a verba que recebemos da Prefeitura já está destinada à manutenção dos animais do zoo e salário de funcionários”, afirma.
Giselda explica que do total de 500 animais, 49 já foram levados pelo Ibama. Ela voltou a criticar a saída dos leões.
“São animais vindos de circo, acostumados com o convívio humano, não precisam apenas de lugar grande e bonito, mas do carinho que eles têm aqui. Caso a liminar seja favorável vamos buscá-los de avião no mesmo dia”, reforça.
Memória - Em outubro do ano passado, o Ibama já havia transferido 38 animais, entre répteis, aves e macacos. Eles foram levados para a Fundação Jardim Zoológico da Cidade do Rio de Janeiro (RioZoo) e o zoo de Volta Redonda. Segundo o instituto, a ação se fez em cumprimento de determinação judicial que visava a transferência de animais excedentes. (O Fluminense)
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