quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Retirada de leões deve afetar renda do Zoo de Niterói


Movimento que já era pequeno por conta da sucessiva perda de animais, pode cair ainda mais sem os felinos. Administração do local calcula perdas de 50% na bilheteria

O dia seguinte à retirada de três dos cinco leões da Fundação Jardim Zoológico de Niterói (Zoonit), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), foi de tristeza entre os funcionários. O zoo que no ano passado já havia perdido 49 animais, sob a mesma alegação do órgão federal de que seus recintos estariam superlotados e inadequados, calcula queda de mais de 50% na bilheteria desde então. 

Agora, com a perda dos leões, a diretora do zoo, Gisela Candiotto, acredita que o número de visitantes caia ainda mais. Segundo ela, com o deficit na receita, o trabalho de reabilitação de animais, em que o zoo é referência, pode ser prejudicado. A fundação ainda briga na Justiça para reaver os leões. 

O advogado do zoo, César Bittencourt, entrou ainda na terça-feira com uma ação popular com pedido de liminar para sustar a transferência dos leões. O recurso foi solicitado junto à 11ª Vara Federal do Rio, porém o juiz se julgou “incompetente” para proferir uma decisão, transferindo a responsabilidade para a Justiça Federal de Niterói. Até esta quarta-feira, no entanto, ainda não havia previsão para o julgamento do pedido. 

“Ao transferir esses animais, o Ibama está confiscando um patrimônio dos cidadãos de Niterói, já que o Município contribui em mais de 50% com a receita do zoo. Além disso, esses animais fazem parte da história de grande parcela da população da cidade, que frequenta essa única opção de lazer educativo nessa região. 

O Ibama valendo-se de suas prerrogativas de autarquia federal está apoderando-se da fauna, inclusive exótica, na medida em que lhe apetece, determinando transferências de animais para outros zoológicos e criadores particulares, sem sequer indicar, na maioria das vezes, qual o destino dos animais. E isto sem qualquer base legal, já que o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado pelo zoo, o Ibama e o Ministério Público em 2004 já prescreveu em 2009”, declara Bittencourt. 

Solitário - Segundo o veterinário Marco Janackovic, a leoa Elza já chegou à Volta Redonda.
“Fui informado que ela chegou bem. Semana que vem irei visitá-la”, conta.

Mas quem não está nada bem é o leão Dengo, nascido no zoo, e que perdeu sua namorada. Ele convivia com Elza há seis anos. Nesta quarta, Dengo nem comeu. 

“Ele ainda está triste, sente a falta da namorada. Vamos trocá-lo de recinto com o outro leão, o Sansão, para ver se ele consegue esquecer a Elza e se alimentar”, diz Marco.

O casal de leões Yuri e Naila chegaria ao zoo de Brasília na tarde desta quarta-feira.

Receita - Com a saída dos leões, Giselda estima uma queda na visitação. É que eles eram uma das principais atrações do zoo,

“Com a retirada de animais ano passado, nossa bilheteria já caiu muito, porque as pessoas acham que não temos mais bichos. Se antes arrecadávamos R$ 2 mil num final de semana, passamos a receber R$ 500. Isto acaba prejudicando nosso trabalho de reabilitação de animais, que chegam quase todos os dias ao zoo, pois a verba que recebemos da Prefeitura já está destinada à manutenção dos animais do zoo e salário de funcionários”, afirma. 

Giselda explica que do total de 500 animais, 49 já foram levados pelo Ibama. Ela voltou a criticar a saída dos leões. 

“São animais vindos de circo, acostumados com o convívio humano, não precisam apenas de lugar grande e bonito, mas do carinho que eles têm aqui. Caso a liminar seja favorável vamos buscá-los de avião no mesmo dia”, reforça. 

Memória - Em outubro do ano passado, o Ibama já havia transferido 38 animais, entre répteis, aves e macacos. Eles foram levados para a Fundação Jardim Zoológico da Cidade do Rio de Janeiro (RioZoo) e o zoo de Volta Redonda. Segundo o instituto, a ação se fez em cumprimento de determinação judicial que visava a transferência de animais excedentes. (O Fluminense)

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