terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Corredor Viário da Alameda apresenta grande risco para vida dos pedestres

Atropelamentos são frequentes em via do Fonseca. Especialista aponta necessidade de estudos profundos sobre causas de acidentes. 

Prestes a completar um ano de funcionamento, o Corredor Viário da Alameda São Boaventura, no Fonseca, inaugurado em março do ano passado, não conseguiu frear o índice de atropelamentos na via. Ultimamente, quase toda semana, o jornal Fluminense noticia acidentes envolvendo coletivos e pedestres na via. A causa, na maioria das vezes, é associada à imprudência na travessia. Moradores, no entanto, apontam algumas deficiências. 

“Por causa das retenções, os carros param, e as pessoas têm a falsa ilusão de que podem atravessar sem riscos, mas esquecem que a faixa seletiva continua livre e é assim que acontece a maioria dos acidentes”, resume o mecânico Walter Machado, de 47 anos, que trabalha em uma oficina em frente à estação João Brasil e costuma flagrar várias situações de imprudência tanto de pedestres como motoristas.
Mas ele acredita que outros fatores contribuem para os acidentes.

“O sinal demora muito para fechar e os ônibus e carros passam em alta velocidade”, acrescenta. 

Não é difícil flagrar pedestres alheios aos cartazes e placas alertando sobre a importância de se utilizar as faixas para travessia e o perigo de cruzar a via fora dos locais corretos. Mesmo em trechos onde há grades ou muretas de proteção, pessoas são vistas pulando esses obstáculos. 

De acordo com o tenente-coronel Mário Lopes, do Corpo de Bombeiros, o Corredor Viário os números de atropelamentos entre 2008 e 2010, antes e após a inauguração do corredor, são praticamente os mesmos.  

“Em 2008, tivemos 25 atropelamentos na Alameda São Boaventura e, em 2010, 23. Em termos estatísticos esse quadro é considerado como inalterado”, afirma. 
O vereador Carlos Magaldi acredita que o poder público deve garantir a segurança da população. 


“De uma hora para outra a Alameda se tornou uma via onde a preferência passou a ser de carros e ônibus, e não do pedestre, mudando a vida da população que vive em seu entorno. Por isso, não podemos simplesmente culpar o pedestre pelos acidentes, como se tem feito, pois ele, na verdade, é a grande vítima disso tudo. O poder público espera da população uma conscientização a curto prazo, isso não existe. Enquanto nada é feito, vidas se perdem, famílias são destruídas”, salienta.

Ele aponta medidas a serem adotadas.

“A Prefeitura precisa colocar agentes de trânsito em grande quantidade a fim de zelar pela vida dessas pessoas. Cronômetros com a contagem regressiva sinalizando o tempo restante para a travessia também ajudam”, acredita. 

Magaldi lembra ainda que boa parte das pessoas que utilizam a Alameda é de outros municípios. 

“Outro dia morreu um senhor de Friburgo que veio à clínica Santa Beatriz para fazer uma cirurgia na vista. Ele certamente não tinha ciência de como a via é perigosa. Como ele, há milhares de pessoas que vêm de outros municípios à procura de algum tratamento. A simples presença de um agente de trânsito faria a diferença”. 

Para o especialista em trânsito da Universidade Federal Fluminense (UFF), Walber Paschoal, com pouco mais de três quilômetros de extensão, a Alameda é a via mais perigosa de Niterói. Ele ressalta que acidentes acontecem devido a um conjunto de fatores. 

“Nunca existe uma única causa, mas um conjunto de fatores, como excesso de velocidade, pouca iluminação, a geometria da via, visibilidade, clima. A causa principal, no entanto, precisa ser diagnosticada e solucionada. E isto requer um estudo mais detalhado, que pode ser feito, inclusive, utilizando-se a metodologia do Denatran”, informa.

Acidentes, geralmente, são na pista seletiva
Uma breve memória dos últimos acidentes de trânsito na Alameda, revela uma característica assustadora: grande parte deles envolve coletivos. 

Na última sexta-feira, uma mulher de 63 anos, foi atropelada, na altura da estação João Brasil, no sentido Centro, por um ônibus da viação Peixoto. Segundo testemunhas, ela tentou atravessar a via com sinal aberto e não viu que na pista seletiva passava um coletivo.

No início deste mês, uma idosa morreu atropelada por um ônibus da Viação Mauá na Alameda São Boaventura. De acordo com testemunhas, o acidente teve a mesma mecânica do anterior: a vítima tentou atravessar quando viu carros parados por conta do trânsito lento e não percebeu que ônibus seguia na outra faixa da pista. 

O primeiro atropelamento na Alameda após a inauguração do Corredor Viário, inclusive, envolveu um coletivo. Silvia Regina Paulino Monteiro, de 43 anos, foi atropelada por um ônibus da linha 484 (Alcântara-Niterói), oito dias após a faixa seletiva entrar em operação (em 28 de março). 

Medidas – Em nota, a Niterói, Transporte e Trânsito (NitTrans) assinalou que, quanto às causas de atropelamento na Alameda, os registros de ocorrência apontam sempre para acidentes em trechos da via sem faixa de travessia de pedestre, embora a sinalização horizontal e vertical indicativa esteja rigorosamente de acordo com a regulamentação para orientação dos usuários. A empresa informou que estuda e propõe diversas formas de diminuição dos atropelamentos, inclusive com campanhas educativas. O órgão esclareceu, ainda, que está em elaboração um projeto de instalação de grades junto ao passeio da Alameda, de modo a criar mais um impedimento para que os pedestres atravessem fora da faixa.(O Fluminense)

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