ONU fala em crimes contra a humanidade, enquanto governo nega ações
A rede de TV Al Jazeera, com sede no Qatar, informou que o governo continua a reprimir com violência os protestos contra o ditador Muammar Gaddafi, que há mais de 40 anos controla a Líbia. O jornal espanhol El País publicou o relato de pessoas dizendo que helicópteros sobrevoam a capital e mercenários abrem fogo indiscriminadamente.
A Jazeera relata que homens armados atiram contra os manifestantes em parte da capital do país, Trípoli, e em outras localidades líbias. Testemunhas afirmaram que Gaddafi bombardeou manifestantes nesta segunda-feira (21) e ao menos dois pilotos da Força Aérea do país se recusaram e buscaram refúgio em Malta.
Sem citar fontes, a rede de TV aponta cerca de 300 mortos nos embates. A ONG Human Rights Watch divulgou nesta segunda-feira (21) um balanço de mais de 230 mortes e números de outras fontes citam até 400 baixas.
Trata-se da segunda semana dos mais significativos protestos contra Gaddafi. No último domingo (20), o filho apontado como o possível sucessor do ditador, Saif al Islam Gaddafi, disse na TV que o governo resistiria até a última bala. Nesta segunda-feira, foi a vez do próprio Gaddafi aparecer na TV para dizer que não iria renunciar.
Início do foco dos protestos, a cidade de Benghazi, a segunda maior do país, continua praticamente isolada. Há um grupo de brasileiros no local, associados à construtora Queiroz Galvão.
ONU fala em crimes contra a humanidade e pede investigação
A alta comissária da Organização Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu nesta terça-feira (22) que seja realizada uma investigação internacional sobre os ataques na Líbia contra manifestantes opositores ao governo, dizendo que podem ser considerados crimes contra a humanidade, informou a agência de notícias Reuters. Ela também pediu uma investigação independente sobre o que acontece no país.
Ao mesmo tempo, a TV líbia divulgou um comunicado de que não houve ataque aéreo em Trípoli, de acordo com a agência notícias France Presse.
Em um comunicado, Pillay pediu a suspensão imediata das violações contra os direitos humanos e denunciou o uso de metralhadoras, franco-atiradores e ataques sistemáticos contra civis.
Pillay, ex-juíza de crimes de guerra da ONU, alertou que tais atitudes podem configurar crime.
- Ataques sistemáticos em larga escala contra a população civil podem ser considerados crimes contra a humanidade. A insensibilidade com que as autoridades líbias e seus atiradores contratados estão disparando munições contra manifestantes pacíficos é algo inescrupuloso. Estou extremamente preocupada que vidas estejam sendo perdidas enquanto falo neste momento.
O departamento não tem presença na Líbia, mas permanece em prontidão para apoiar investigações e promover direitos civis, políticos e econômicos no país do norte da África, ressaltou o comunicado.(R7)
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