domingo, 5 de dezembro de 2010

Regiões com petróleo no Estado do Rio de Janeiro têm ‘boom’ demográfico


Censo 2010 aponta a importância dos royalties para os municípios produtores. Em cidades da Região dos Lagos e do Norte Fluminense, populações cresceram 40% em apenas dez anos

O  Censo 2010, divulgado essa semana, pode ser um aliado em defesa dos municípios que saem prejudicados com a nova divisão dos royalties do petróleo. A grande migração de pessoas para as regiões produtoras, aliadas à taxa de natalidade local, está provocando uma explosão demográfica em áreas que não estão preparadas para atender adequadamente essa demanda. É o que aponta uma análise feita pelo professor José Carlos Milléo, pesquisador do Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Na Região dos Lagos e parte do Norte Fluminense, onde muitos municípios são tradicionais produtores de petróleo e, por isso, muito atraentes para pessoas em busca de emprego, três municípios cresceram acima de 40% na década de 1990. Já na década seguinte, dez cidades cresceram neste ritmo e as novas fronteiras de exploração de petróleo devem ampliar este movimento. Juntas, as 11 cidades recebem 35% dos royalties do estado, que tem 92 municípios, um montante estimado em R$ 1,3 bilhão para 2010, de acordo com a Confederação Nacional de Municípios.

“Isto torna a luta pelos royalties do petróleo primordial. É um grande argumento que precisa ser utilizado por estes municípios que recebem essa demanda. Muitos já tem problemas para atender as pessoas atualmente e com esse afluxo será necessário criar escolas, hospitais, infra-estrutura urbana. O cenário que se arma é explosivo”, conclui.

São Gonçalo e Itaboraí também devem aprender com a história. Recebendo grandes investimentos das refinarias que compõem o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), o crescimento populacional pode se intensificar nos próximos anos.

“São Gonçalo e Itaboraí terão que aprender a lidar com esse aporte de pessoas. O investimento público deve ser superior ao aumento populacional, já que as duas cidades não atendem plenamente as pessoas que já moram lá”.

Niterói: crescimento estável
Com pequena mudança em relação ao crescimento registrado na década anterior, de 5% para 6%, Niterói pode estar vivendo um bom momento. 

“A cidade cresce na mesma velocidade, sem incrementos intensos e, portanto, não precisará lidar com os problemas que estão se apresentando em Macaé”, explica Milléo. 

Sem os desafios do supercrescimento, a cidade se beneficia pela atração de uma faixa de população diferenciada, daquela que parte para outros municípios em busca de oportunidades profissionais.

A cidade passou dos 436.155 habitantes, em 1990, para 459.451 em 2000. Já no Censo 2010, a cidade registra 487.327.

Tendências diferentes no País
Os números da pesquisa 2010 também refletem novas tendências de crescimento demográfico, por natalidade e migrações, dentro do estado e por todo o país, que teve taxa de crescimento reduzida de 16% na década iniciada em 1990 para 12%, de 2000 até hoje.

Se no Rio de Janeiro o crescimento é mais acentuado nas cidades litorâneas, e menos nas do interior; no Brasil o grande crescimento principalmente da região Norte chama à atenção.

“E não apenas o Norte. O Nordeste e o Centro-Oeste também são as grandes locomotivas demográficas. Além da grande taxa de natalidade nestas localidades, também podemos atribuir o crescimento aos fluxos migratórios de pessoas em busca de oportunidades nessas áreas. O Sudeste, neste aspecto, já não é tão atrativo quanto antes”, diz o professor José Carlos Milléo.

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