quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Prefeito de Niterói diz que fará "três anos em apenas um"


Jorge Roberto Silveira tem planos ambiciosos para 2011. Entre os projetos está novo terminal de ônibus no Centro e possível nova ligação entre a cidade e o Rio de Janeiro

Logo após a solenidade de inauguração do prédio da Fundação Oscar Niemeyer, no Centro de Niterói, o prefeito Jorge Roberto Silveira, se reuniu com a imprensa. Ele dispensou formalidades e concedeu uma entrevista coletiva em tom de bate-papo. Por cerca de 40 minutos, falou sobre o difícil ano de 2010 e antecipou o planejamento para os próximos dois anos de mandato. 

Jorge Roberto anunciou planos ambiciosos para a cidade nos próximos anos, planos para o Caminho Niemeyer e a possibilidade de criação de uma nova ligação entre o Rio e Niterói, como foi antecipado na edição desta quarta-feira pela Coluna Informe. Durante a coletiva, ele também deixou de lado o otimismo e não poupou críticas à atual situação da Saúde na cidade. Em momento de autocrítica, admitiu não ter administrado bem a crise e revelou ter vivido um dos piores momentos de sua história política.

Parafraseando o ex-presidente Juscelino Kubitschek, Jorge Roberto Silveira reiterou a intenção de realizar “três anos de governo em um”. Entre os projetos, um dos mais ousados é a construção de um novo terminal rodoviário para compor o Caminho Niemeyer e a consequente demolição do Terminal João Goulart. Os motivos seriam o esgotamento do atual espaço e a incompatibilidade arquitetônica entre o prédio e as obras de Niemeyer. O projeto teria orçamento previsto em R$ 80 milhões e seria completamente custeado pela empresa interessada na operação do empreendimento. 

“O prédio será construído próximo à estação hidroviária que está sendo projetada para substituir a Estação Arariboia das barcas e que deve ser construída pela concessionária Barcas S/A. A estação da Linha 3 do metrô também compõe o plano”, disse. 

Jorge Roberto lembrou, ainda, os demais empreendimentos que estão sendo previstos para o complexo arquitetônico, como o Centro de Convenções, que terá investimento do Estado, e a construção da Torre Panorâmica, que será erguida com recursos do Estado e da União. 

Sobre o Centro BR de Cinema, o prefeito informou que as obras da Prefeitura devem durar até março e o projeto ainda deve consumir cerca de R$ 2 milhões. Após esse período, será aberto o processo de licitação para definir a empresa que vai explorar comercialmente as salas de cinema. A contrapartida da vencedora será a equipar os espaços com recursos próprios. A finalização e início das operações devem acontecer entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012.

Rio-Niterói – Perguntado sobre a possibilidade de se criar uma nova ligação entre o Rio e Niterói, o prefeito se esquivou de dar mais detalhes, alegando não ter informações precisas. Mas ele já teria sido convidado pelo governador Sérgio Cabral a participar de uma reunião para tratar desse assunto. O encontro contará com a presença do prefeito do Rio, Eduardo Paes. 

Saúde – De acordo com o prefeito, o principal projeto para a área da Saúde em Niterói é a devolução dos dois hospitais que hoje são administrados pelo município: o Hospital Orêncio de Freitas (HOF) e o Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho. A ideia é de que eles voltem a ser geridos pelos governos Federal e Estadual, respectivamente. Ambos custariam aos cofres públicos cerca de R$ 28 milhões anuais, um valor que a Prefeitura não teria como arcar.

Após a municipalização das unidades, ocorrida no início da década de 90, os funcionários continuaram a ser remunerados pelos antigos gestores. No entanto, em alguns anos, aposentadorias foram forçando o município a repor o quadro de funcionários por conta própria, o que onerou os cofres da cidade.

“Raríssimas prefeituras administram um hospital. Nós administramos dois. Essas unidades estão atendendo mal, assim como os postos de saúde. Nem o Programa Médico de Família funciona como antes. Queremos devolver os dois hospitais e focar nos postos. A população tem toda a razão de reclamar e acho que ainda reclama pouco”, enfatizou.

Chuvas – A questão da tragédia das chuvas também foi abordada pelo prefeito, que relembrou o momento de fragilidade pelo qual passou a cidade em 2010. Jorge Roberto, no entanto, aproveitou a oportunidade para reiterar a necessidade de recuperar a autoestima da população. Ele citou a criação da Geo-Nit e a emancipação da Defesa Civil de Niterói como as consequências das chuvas e assegurou que os órgãos vão fortalecer o executivo na prevenção a desastres como os de abril. 

“Foi muito triste para mim. Duas chuvas me marcaram profundamente: a que causou a morte do meu pai e a de abril. Acho que não administrei bem a crise e me senti acuado, sem oportunidade de me explicar. Em toda a minha vida política, nunca vivi momentos tão duros. Mas acho que Niterói precisa virar a página e dar a volta por cima. É o que a população quer”, concluiu.(O Fluminense)

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