Promotoria quer a devolução de R$ 2, 2 milhões aos cofres públicos. Dinheiro teria sido usado para pagar salários do Conselho Consultivo Municipal, criado pelo prefeito de Niterói
O Ministério Público Estadual (MPE) entrou nesta quinta-feira com ação de improbidade administrativa contra o prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT) por falta de transparência na atuação do Conselho Consultivo Municipal. Desde sua criação, em abril do ano passado, a atuação dos “notáveis” é contestada pela sociedade civil organizada. A Promotoria quer, ainda, que o prefeito devolva os mais de R$ 2 milhões pagos em salários ao conselho aos cofres municipais. Nesta quinta-feira, apenas oito dos 25 conselheiros compareceram na reunião realizada pelo colegiado na Câmara dos Dirigentes Lojistas. Nenhum deles quis comentar a decisão.
“A ausência de informações da Prefeitura de Niterói sobre as atividades do Conselho Consultivo caracterizam uma falta de transparência das atividades municipais. Pedimos informações ao município e sempre nos foi negada como, quando e onde esse órgão funciona”, afirma o promotor de Tutela Coletiva, Meio Ambiente e Urbanismo, Luciano Mattos, co-autor da ação com os promotores Karine Susan Cuesta e Carlos Bernardo Aarão.
Na ação, a Promotoria sustenta que a criação de cargos sem função pública constitui ato de improbidade administrativa, uma vez que, de acordo com o MP, o conselho foi criado sem que estivessem estabelecidas as funções que cada um de seus integrantes desempenharia. Assim sendo, não haveria interesse público na elaboração do órgão. Além disso, ainda segundo a ação, não houve regulamentação das atividades a serem desempenhadas pelos conselheiros.
Outro problema que teria motivado a ação foi a negativa da Prefeitura em fornecer ao MP informações sobre as atividades dos conselheiros e dos registros de atas. O pedido do Ministério Público foi feito em janeiro deste ano. À época, o município se justificou alegando que a natureza político-jurídica do conselho não permitia a divulgação de suas ações.
No entendimento do MP, o Conselho Consultivo de Niterói não atendia a nenhum interesse público, não realizou qualquer atividade administrativa e ainda negou a publicidade de atos oficiais, contrariando a Constituição Federal e diversas leis, entre elas a Lei Orgânica do Município. Dessa forma, todos esses fatores causaram prejuízo aos cofres públicos e aos princípios que devem orientar a conduta do administrador público.
“Pela Constituição Federal é inadmissível a criação de cargos sem a expressa determinação de suas funções e sem que se possa saber exatamente o que era feito, ou seja, o cargo tem de servir a uma finalidade de interesse da sociedade e precisa ser transparente e prestar contas de suas atividades”, conclui o promotor Luciano Mattos.
Em nota, a Procuradoria Geral do Município de Niterói afirmou que não há qualquer ilegalidade na criação do Conselho Consultivo, inexistindo qualquer obrigação legal que imponha a identificação das funções de um órgão colegiado e que a regulamentação do funcionamento do Conselho é matéria de conveniência administrativa.
A procuradoria disse ainda, em nota, que há uma “banalização do instituto da improbidade administrativa, criado para coibir desonestidades e desvios de dinheiro público e não para impor o entendimento jurídico deste ou daquele Promotor de Justiça.”
O Ministério Público também instaurou 25 novos inquéritos civis para apurar exatamente quais eram as atribuições de cada conselheiro, já que a maioria dos integrantes do grupo, após ser notificada pelo MP, limitou-se a dizer que seguia orientações do prefeito e do presidente do conselho.
O Conselho Consultivo teve sua remuneração suspensa em maio desse ano. Depois de críticas de representantes da sociedade, os próprios conselheiros iniciaram movimento para abdicar dos salários.(O Fluminense)
Fim da picada. Gostaria de saber quem são os membros desse Conselho ?
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