Os estudos para a construção de ferrovia que ligará o Rio ao Oceano Pacífico, na costa do Peru, incluíram extensão até Ambaí, em Nova Iguaçu. Nesse ponto da Baixada terminarão os trilhos da chamada Transcontinental, que terá sua ligação com o Atlântico em São João da Barra, no norte do estado. Interligar os dois oceanos e dar melhor vazão à produção de minério e grãos do País é sonho antigo, que começa a ser realizado em 2011.
Desde que os novos eixos de transporte ferroviário do Brasil foram definidos por lei, há dois anos, a Secretaria Estadual de Transportes vem estudando como a Transcontinental pode beneficiar ainda mais a economia fluminense. Com a construção do Porto do Açu, a saída para o mar em São João da Barra passou a ser inevitável. Por outro lado, a retomada do trecho entre Campos e Nova Iguaçu, onde fica a estação de Ambaí, ganhou caráter estratégico. A reativação da ferrovia vai ligar o Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj) ao sistema ferroviário e aos estados de São Paulo e Minas.
Protocolo
Em setembro, o governo do estado assina protocolo de cooperação com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A proposta já tem a simpatia da LLX, do empresário Eike Batista, responsável pelo porto, e da Petrobras, que constrói o Comperj. “Com esse projeto, o Porto do Açu, que será um dos maiores do Brasil, passa a ser porto de carga geral, já que estará ligado pelos trilhos aos principais polos industriais do Brasil”, explica o subsecretário estadual de Transportes, Delmo Pinho.
A reativação da ferrovia entre Rio e Campos, com custo de R$ 1,5 bilhão, tem como vantagem a facilidade nos licenciamentos e no assentamento dos trilhos, já que o trecho, quase todo plano, quase dispensa desapropriações e terraplanagem. “O Rio ganhou grandes projetos e precisa reformular sua infraestrutura”, diz o secretário Sebastião Rodrigues.
Projeto já foi incluído nas obras do PAC 2
A Transcontinental foi concedida à estatal Valec, que já licitou a elaboração do traçado no Centro-Oeste. Trecho de mil quilômetros entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO), fazendo a ligação com a Ferrovia Norte-Sul, foi incluído no PAC 2. Mas cresce no governo federal o interesse em iniciar a obra pelo trecho fluminense, por conta da facilidade de execução.
Outro fator que deve acelerar a realização do trecho do Estado do Rio é a possibilidade de participação financeira de empresas. A LLX já planeja construir trecho rodo-ferroviário entre Campos e o Açu, com 45 quilômetros, com dutos de água e gás e cabos de telecomunicações. A Petrobras, que tinha planejado o transporte dos produtos do Comperj por caminhão, deve ser outra parceira, devido às vantagens do transporte por trilhos.
Norte Fluminense ganha mais potencial
Com a construção do Porto do Açu e da Ferrovia Transcontinental, o Município de São João da Barra e toda a Região Norte do estado, antes conhecida pela estagnação, passa a ser um dos maiores polos de desenvolvimento do País. Nos 90 quilômetros quadrados do complexo industrial que ficará contíguo ao porto, deverão ser instaladas duas grandes siderúrgicas: a chinesa Wuhan Iron and Stell (Wisco) e a ítalo-argentina Techint. O grupo Votorantim também já anunciou um plano de construir fábrica na localidade.
A retomada da ferrovia cruzando a banda norte do estado também vai integrar a cidade de Macaé, que vem apresentando forte desenvolvimento por conta da indústria do Petróleo e Gás. Diferentemente do traçado original, que cruzava o centro da cidade, o novo terá contorno.(O Dia)
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