Para alguns especialistas, saturação do sistema viário na cidade é evidente e necessita de solução urgente. Recente problema nas barcas reascendeu questão
Os recentes incidentes envolvendo o sistema de barcas que liga Niterói ao Rio colocou em evidência a falta de planos de contingência nas principais saídas de Niterói. Segundo especialistas, já há sinais evidentes de saturação do sistema viário da cidade e alternativas radicais devem ser pensadas. Pesquisa realizada em 2008 pela Ong Niterói Como Vamos revelou que, na opinião dos moradores de Niterói, o trânsito é o quarto maior problema da cidade.
Na última segunda-feira, uma embarcação da Barcas S/A, que fazia o trajeto Praça XV-Niterói, com 376 pessoas a bordo, sofreu uma pane elétrica e se chocou contra pedras. O incidente quadruplicou o tempo de espera pelo embarque e as filas se estenderam por cerca de 200 metros. A operação só foi normalizada, aproximadamente, quatro horas depois.
“O sistema de barcas precisa de ampliação total. Além de mais embarcações, ele precisa ligar outros pontos da orla dos municípios de Niterói, Rio e São Gonçalo. Infelizmente, essa proposta sempre cai no esquecimento”, opina o engenheiro de trânsito e membro do Conselho Regional e Engenharia (Crea), Abílio Borges.
Ainda de acordo com Borges, outra via da cidade que necessita de investimentos é o trecho Niterói-Manilha da BR-101. A rodovia é uma das principais ligações entre Niterói e São Gonçalo, além de dar acesso à Região dos Lagos. Mesmo assim, os congestionamentos são constantes e se agravam quando ocorrem acidentes. No início do mês, um acidente envolvendo uma moto, um ônibus e um caminhão causou cerca de sete quilômetros de engarrafamento.
“O grande problema dessas vias é que foram feitas numa época em que a população era muito menor. A Niterói-Manilha não precisa de muitos investimentos, mas de alternativas eficazes. É preciso pensar em rotas de fuga por vias perpendiculares abertas e bem sinalizadas”, frisa.
Já no caso da Ponte Rio-Niterói, o especialista acredita que a operação esteja correta, mas que a via, sozinha, não seja mais suficiente para atender à demanda. Ele deu exemplo de outros países, como Portugal, que no mesmo período de tempo já receberam outras pontes como alternativa ao aumento da frota de veículos.
“A ponte é um equipamento maravilhoso, mas está parada no tempo e no espaço. Está na hora de se discutir a construção de outras pontes”.
Entre as obras que o contrato de concessão prevê estão a ampliação da capacidade da Avenida do Contorno (Niterói), a execução de 3,6 quilômetros de vias laterais entre Manilha e Varandinha (Itaboraí), e a duplicação de 176 quilômetros de rodovia, entre Rio Bonito e Campos dos Goytacazes. A concessionária diz que iniciará as obras assim que o projeto executivo também for aprovado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ibama concederem as licenças ambientais necessárias.
Já a concessionária CCR, que administra a Ponte Rio-Niterói, informou que, em casos de emergência, todos os planos de contingência são adotados, de acordo com um plano operacional completo. Quanto aos congestionamentos “ocasionais”, geralmente registrados em horários de rush, a concessionária diz que se trata de um problema das grandes cidades, que se reflete nos acessos à Ponte. Quanto a isso, existiria um plano de contingência: o serviço de informações aos usuários.
A ANTT não se pronunciou. A agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes do Rio (Agetransp) disse que, entre as obrigações firmadas pela Barcas S/A na assinatura dos contratos, estavam reforma de embarcações e melhorias nos terminais. Todas as obrigações teriam sido cumpridas.
Planejamento urbanístico
Para o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialista em transportes Walber Paschoal, algumas alternativas podem ser elaboradas se for realizada uma análise operacional profunda das vias da cidade, para que sejam definidos possíveis planos de contingência. No entanto, para o especialista, Niterói precisa rever seu planejamento urbanístico.
“Meu discurso não é contra o crescimento, mas acredito que Prefeitura precisa estar atenta às limitações populacionais da cidade”, justifica, ressaltando a importância do transporte de massa.
O especialista em trânsito e ex-diretor do Departamento de Trânsito do Rio de Janeiro, Celso Franco também aposta no transporte de massa.
“O problema é usar o carro de passeio como transporte. Esses veículos, como o próprio nome diz, não foram feitos para se trabalhar”, afirma.
Um estudo realizado, em 2008, pela Ong Niterói Como Vamos, revelou que o trânsito é considerado pelos niteroienses o quarto maior problema da cidade, perdendo apenas para violência, saúde e infraestrutura. Segundo o coordenador da Ong, Álvaro Cysneiros, 42,3% dos entrevistados acredita que as linhas de ônibus não funcionam bem e 52,3% acreditam que há pardais demais.(Fluminense)
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