quarta-feira, 5 de maio de 2010

Marinha vai abrir processo administrativo para apurar encalhe de fragata


A Marinha de Guerra vai abrir um processo administrativo para apurar as causas do encalhe de uma das fragatas líderes da corporação, nesta terça-feira, na Enseada do Forno, em Arraial do Cabo. A Niterói (F-40) ficou atolada num banco de areia, apesar de ser dotada de ecobatímetro – sonar que mede com precisão a profundidade do mar – e de cartas náuticas elaboradas pela própria Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da corporação. O acidente ocorreu na maré seca. No entanto, a tábua de marés também é fornecida pela DHN. A embarcação, que teve problemas às 8h30m, foi desencalhada apenas às 18h15m pelo rebocador da Petrobras Ivan Barreto, com o auxílio de mergulhadores militares.

Em nota, a corporação informou que o problema ocorreu quando a embarcação estava na Enseada do Forno para embarcar uma equipe de especialistas do Centro de Armas da Marinha, que fariam testes operacionais para ajustar os sistemas de bordo. A fragata teria acabado de ser reparada. O navio, que foi construído na Inglaterra e modernizado no Brasil, era comandado pelo capitão de fragata Gilberto Chaves da Silva.

Segundo o mestre Erick Barreto, que pilota embarcações de apoio na região, a fragata encalhou no Baixio da Coroa, onde a profundidade média é de quatro metros, perto do Pontal do Atalaia.

Pescadores de Arraial e especialistas em praticagem nos portos do estado especulam que a fragata pode ter encalhado porque a âncora não estaria bem fixada no fundo e, com isso, correntes marítimas e ventos teriam arrastado a embarcação sem que o comandante notasse.

O presidente da Associação de Pescadores de Arraial do Cabo, Joaquim Rodrigues de Carvalho, o Quinzinho, estranhou o local do acidente:

- Nunca vi um barco grande naquela área. Ali não tem canal. No porto, estão dizendo que o navio foi arrastado pelo vento até encalhar, mas não vi o que aconteceu.

Um funcionário de praticagem, que não quis se identificar, informou que os navios de guerra não usam prático nos portos do estado. Os comandantes da Marinha seriam equiparados aos práticos.

- Acho pouco provável que a fragata tenha encalhado enquanto estava navegando. Os bancos de areia constam das cartas náuticas, e qualquer pessoa com o mínimo de experiência sabe onde eles estão. Uma hipótese plausível é que o navio estava fundeado e, por alguma razão, a âncora correu pelo fundo.

Para o mergulhador e profissional de resgate Jorge Luís de Paula, de 42 anos, seja qual for a causa, o encalhe foi um erro.

- Trata-se de um vacilo grande numa época em que as embarcações possuem a tecnologia de sonares, GPS e outros equipamentos de navegação – disse o mergulhador. (Blog do Poder Naval)

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