terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Calçadas da Zona Sul viram abrigo de moradores de rua


O ano começou e o mesmo problema continua a atormentar a população de Niterói. A crescente ocupação de espaços públicos incomoda. Prefeitura afirma que tem um novo projeto

Moradores de Niterói estão preocupados com a presença constante da população de rua, principalmente na Zona Sul da cidade. Mesmo com as operações de choque de ordem promovidas pela Prefeitura, famílias inteiras acabam voltando a ocupar calçadas, marquises e praças, causando desordem urbana e sensação de insegurança. Os bairros de Icaraí, Jardim Icaraí e São Francisco seriam os principais redutos dessa população. A Prefeitura planeja a abertura de um centro de referência voltado para essas pessoas.

Na Praça Getúlio Vargas, em Icaraí, um dos brinquedos do parquinho foi transformado em abrigo para uma mulher, que dormia junto com uma criança. Roupas e pertences ficaram expostos sobre o brinquedo, como um varal.


Depois de algumas horas, a família já era vista em outro ponto costumeiramente utilizado pelos moradores de rua: a entrada do prédio do antigo Cinema Icaraí. Segundo moradores, é ali que se refugiam, pelo menos, duas famílias. Apesar das operações de choque de ordem, dias depois, todos retornam para o local.
“Geralmente, duas famílias moram no cinema. Quando tem operação, eles somem por uns dois ou três dias, mas acabam voltando. Às vezes, ficam dentro da praça. Chego às 6h e eles já estão lá dentro”, relata Leandro Meira, de 28 anos, porteiro de um edifício vizinho.

Na Rua Lopes Trovão, sob a arquibancada do Estádio Caio Martins, a cena se repete. O local é habitado por um grupo de moradores de rua, que guardam seus pertences, dormem e até cozinham em um fogão improvisado na calçada. Em São Francisco, a Praça Dom Orione, há quase três meses, vem servindo de moradia para outro grupo. 



A Prefeitura de Niterói informou que, atualmente, a população de rua na cidade é de cerca de 250 pessoas e que tem um trabalho social voltado para essas pessoas, que são encaminhadas aos Centros de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), onde recebem banho, alimentação e acolhimento. O Executivo disse, ainda, que possui três abrigos e que, no final do ano passado, um importante convênio com o Governo do Estado foi feito para a criação do Centro de Referência Especializado em População em Situação de Rua (CREPOP), a ser inaugurado ainda este ano, que irá oferecer mais serviços voltados para as pessoas em situação de rua.

Portões de praças poderão ser fechados para controle

O fechamento de alguns portões do Campo de São Bento, para tentar controlar a entrada no local, pode virar moda. A Praça Nossa Senhora de Fátima em frente à Catedral Metropolitana São João Batista, no Centro, pode ser o próximo espaço público a ter os portões fechados. A medida seria uma solução para a invasão de moradores de rua nos últimos meses e que tem tirado o sossego de fiéis e frequentadores.
O secretário de Segurança e Controle Urbano, Wolney Trindade,  explica que gostaria de fechar os portões da praça, mas mantendo um horário de abertura e fechamento e com Guarda Municipal na porta. Ele explica que guardas municipais serão colocados no local, assim que terminar o concurso que está prestes a ser realizado.

A intenção vai ao encontro do desejo do administrador da catedral, Roberto Batista.

“É claro que a melhor solução seria ter um efetivo permanente que garantisse que não fosse feito mau uso do espaço, mas também não podemos deixar como está. Se a solução for fechar os portões, a Prefeitura pode fechá-los. Em Icaraí, os espaços foram fechados e os moradores de rua estão vindo para cá”, explica Roberto, que disse, ainda, que o movimento nas missas tem caído.

Para frequentadores, a praça, que passou por revitalização em junho de 2009, merece  mais atenção e vigilância.

“Fechar as portas não é solução, e sim colocar um efetivo maior nas ruas. É o Centro da cidade e precisa ter patrulhamento, um dos poucos espaços públicos onde muitas pessoas que trabalham no Centro vêm para ficar no horário de almoço”, desabafa o designer gráfico Raphael Cândido.

Para Márcia Brás, de 40, a diferença entre fechar ou não é pequena, já que o espaço não pode ser utilizado.
“É uma pena, tanto fechar os portões como deixar a praça tomada por moradores de rua. Um descaso só”, conclui. (Wilson Mendes). ( O Fluminense )

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