segunda-feira, 21 de junho de 2010

Violência causa prejuízo: medo ronda o maior polo comercial de Niterói

Segundo a polícia, cerca de 60% das ocorrências de assaltos a pedestres registradas no Centro da cidade ocorrem em ruas no entorno de praça e shopping center

As ruas XV de Novembro, Almirante Tefé, Andrade Neves e Avenida Visconde do Rio Branco passaram a formar o quadrilátero do medo, no Centro, em função dos constantes assaltos a pedestres. Juntamente com as praças do Rink e JK, as vias são responsáveis por 60% dos roubos registrados na 76ª DP (Centro), contra pessoas que transitam e fazem compras no principal centro comercial da cidade, que abriga grandes lojas e um shopping. 

Por ser também um polo universitário, devido à proximidade dos campi da Universidade Federal Fluminense (UFF), muitas vítimas são estudantes, que para evitar serem presas fáceis dos ladrões, passaram a sair em grupo, das faculdades. 

Segundo o delegado Luiz Antônio Businaro, a falta de um maior policiamento na região e o envolvimento de menores em boa parte dos crimes dificultam a redução  do número de assaltos naquela área. “Mas é bom ressaltar que a falta de polícia na região não é culpa do comandante (responsável pelo policiamento) da área. Infelizmente ele (tenente-coronel PM Ruy França) tem um efetivo reduzido e não dá para deixar de plantão uma viatura em cada esquina do Centro. Outro problema é que muitos assaltos são praticados por menores que são detidos, mas voltam logo para as ruas devido à lei que os protegem”, critica Businaro. 

O delegado, porém, lembra que a circunscrição da 76ª DP (Centro), que cobre oito bairros (Centro, Ingá, São Lourenço, São Domingos, Ilha da Conceição, Ponta da Areia, e Bairro de Fátima), conseguiu reduzir em mais de 50% e o índice de assaltos a pedestres foram 684 registros de assaltos a pedestres em 2009 de janeiro a maio, contra 321 no mesmo período este ano. “Se for considerar a estatística geral da delegacia, reduzimos em mais da metade o número de assaltos a pedestres nesses primeiros cinco meses do ano em comparação ao mesmo período de 2009. Agora, infelizmente,  aquela região do Centro é crítica e abarca em torno de 60% dos registros desta modalidade de crime”, informa.

Temor de ser a próxima vítima

Para o vice-presidente do Conselho Municipal de Segurança, Leonardo Santiago de Barros, também é preciso reprimir o consumo de drogas na localidade. “Afinal, muitos assaltantes dali são menores e moradores de rua, viciados em crack”, justifica. 

O comandante do 12º BPM (Niterói), tenente-coronel Ruy França, informa que há um mês aumentou o efetivo, colocando mais 60 PMs nas ruas do Centro. “Pus diversas duplas de PMs fazendo rondas a pé nestas ruas que têm tido mais ocorrências de assaltos. Tenho certeza de que em pouco tempo este alto número de assaltos naquela região do Centro vai cair”, promete.

A  comerciária Lidiane Jéssica Quaresma Freitas, de 18 anos, foi uma das vítimas da violência na área. Ela conta que foi assaltada na Rua Andrade Neves, há duas semanas, quando saía do shopping. “Levaram meu celular e R$ 250. Era um homem branco, alto, de mais ou menos 30 anos”, lembra , triste com o prejuízo. 

A vendedora Ana Carolina Jardim, de 18 anos, conhece outra vítima. Segundo ela, há um mês o namorado de sua amiga teve o carro levado na Avenida Rio Branco, esquina com a XV de Novembro. “Ele esperava minha amiga sair do shopping e foi rendido por um homem armado”, contou. 

Universitário teve celular, notebook e roupas roubados na Rua Andrade Neves

O estudante universitário Filipe Tavares, de 19 anos, também foi vítima. Em março, ele teve sua mochila com notebook, celular e roupas roubados na Rua Andrade Neves, esquina com a Rua São Sebastião. “Fui rendido por três homens que diziam estar armados. Eles não mostraram as armas, mas preferi não arriscar”, relata. 

A universitária Maria Fernanda Pinho, de 25 anos, relata que uma amiga presenciou um assalto na Rua Almirante Tefé, e passou a ter medo de circular pela região. “Ela ficou traumatizada e tem medo até hoje de passar por aqui”, lembra a jovem, que também se mostra temerosa em circular pela área.

Há um mês, outra universitária, Marcelle Morette, de 21,  contou que foi abordada por ladrões, mas teve melhor sorte. “Passavam pela Praça JK quando o homem negro e alto me abordou pedindo a minha bolsa. Como desconfiei que ele apenas fingia estar armado, decidi gritar por socorro. Ele acabou fugindo”, conta a estudante.

A analista de sistemas Emanuelle Machado, de 26 anos, apesar de não ter sido assaltada, também tem medo de ser a próxima vítima. “Passo todos os dias à noite por estas ruas. Fico com medo, mas não tenho opção. Acho que aqui deveria ter mais policiais fazendo ronda e cabines da PM”, avalia.

Relembre alguns casos só neste primeiro semestre:

02/02
No mês de fevereiro, Luiz Cláudio Gonçalves, de 27 anos, foi preso por policiais do 12º BPM (Niterói) depois de roubar, armado com uma faca, a bolsa de uma mulher. O assalto aconteceu na Rua XV de Novembro, no Centro da cidade.  O rapaz foi indiciado na 76ª DP (Centro) por assalto à mão armada. 

15/02
Um homem, identificado por policiais militares do 12º BPM em Niterói como Alan Carlos Marinho Júnior, de 21 anos, foi preso  na Avenida Visconde do Rio Branco, no Centro, quando tentava fugir carregando uma bolsa com dinheiro e documentos de uma  mulher. O suspeito estaria armado com uma faca, que foi apreendida pelos militares. O caso foi registrado na 78ª DP, no Fonseca.

05/04
Um estabelecimento que promove apostas de corridas de cavalo, na Rua da Conceição, no Centro de Niterói, foi roubado durante a noite. Seis bandidos armados teriam feito refém o supervisor de operações e levado R$ 30 mil, além de computadores do comércio.

08/04
O boato de que centenas de criminosos estariam promovendo arrastões pelas ruas da cidade levou pânico a quem passava no Centro, próximo à Praça do Rink e ao shopping da região. Logo as ruas foram ocupadas por carros de polícia e mais de 50 agentes armados das políciais Civil e Militar. Até o Batalhão de Choque (BPChoque) da PM foi chamado. Um helicóptero da PM sobrevoou a cidade, numa cena que parecia de guerra.(Fluminense)

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