Cerca de 40% das 6 mil vagas do Prominp serão destinadas a unidades de Niterói e SG. Implantação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro aquece o mercado
O desenvolvimento do Leste Fluminense com a perspectiva da implantação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, e da demanda gerada pelo polo da indústria naval, em Niterói, está impulsionando cada vez mais a procura por qualificação profissional nos municípios da região.
O sistema Firjan estima que cerca de 40% das 6 mil vagas que serão disponibilizadas, em agosto, através dos cursos do quinto ciclo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp), serão destinadas às unidades do Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Niterói e São Gonçalo.
De acordo com o diretor do Sistema Firjan, Alexandre dos Reis, desde o anúncio da criação do Comperj a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro está investindo em infraestrutura nas unidades do Sesi e do Senai, que conta ainda com unidades móveis. O executivo ressalta que a formação de mão de obra deve ser pensada como um todo, focando na formação de base e não apenas na especialização técnica.
“As unidades do Senai de Niterói e de São Gonçalo – inaugurada no final de 2009 – têm recebido investimentos pesados para atender essa demanda gerada pelo Comperj e a indústria naval. Elas atendem toda a Região Leste Fluminense e juntas formam cerca de 3 mil alunos por ano. O Prominp está entrando no quinto ciclo, voltado para a capacitação metalmecânica, mas nem todos os candidatos conseguiram passar nas provas de seleção. Estamos tentando conscientizar a população, principalmente a classe C, da importância da qualificação como um todo”, explica Alexandre dos Reis.
Necessidades – O secretário estadual de Trabalho e Renda, Sérgio Zveiter, informou que, até setembro, sua pasta vai mapear as necessidades dos municípios para serem disponibilizadas vagas através do Plano Setorial Territorial de Qualificação Profissional (Planteq), previsto para iniciar no segundo semestre.
Segundo Zveiter, o Planteq prevê que sejam abertas 2.677 oportunidades de qualificação e requalificação, em todo o Estado, com destaque para o setor de petróleo e gás. Além do plano, o secretário destaca que o convênio do Programa Projovem Trabalhador - Juventude Cidadã, assinado com o Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), no último dia 20, também direcionará vagas ao setor.
“A implantação do Comperj é uma oportunidade única para a região. Estamos atentos a esse momento econômico e não mediremos esforços para qualificar esses trabalhadores. A expectativa é que haja um crescimento significativo em todos os setores, desde serviços até mão de obra especializada para o setor de petróleo e gás”, afirma o secretário Sérgio Zveiter.
Curso de soldador
Na última segunda-feira, o Senai de Niterói deu início às atividades do projeto piloto da Unidade Móvel de Solda. A primeira parada acontece na Concha Acústica, no bairro de São Domingos, onde 12 alunos, inscritos através de uma parceria firmada com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Rio de Janeiro (SIMMMERJ) estão recebendo aulas gratuitas, com carga horária de 248 horas. Até o final do ano, seis unidades móveis estarão rodando pelo Estado.
De acordo com o instrutor de solda Fabiano Frazão, 36 anos, a oferta de vagas no mercado, por conta da implantação do Comperj e do crescimento da indústria naval, é o fator preponderante para que 99% dos alunos procurem os cursos de soldagem do Senai em Niterói e São Gonçalo. Segundo ele, ao concluir um dos quatro cursos oferecidos na unidade, o aluno já está apto para ingressar na carreira e muitos são encaminhados pelo Senai para entrevistas de trabalho, através do banco de talentos.
“A Unidade Móvel de Solda foi pensada para atender, principalmente, a demanda do Comperj e da indústria naval. Os alunos sabem que as oportunidades existem e, para isso, é necessário ter qualificação. Além de aprenderem uma nova profissão, eles têm a possibilidade de encurtar o caminho de entrada no mercado de trabalho, pois muitas empresas nos procuram pedindo indicações. Mesmo que os contratantes não nos procurem, nós indicamos o caminho para o aluno conseguir uma entrevista”, explica o instrutor de solda.
A atendente de auto-escola, Ana Maria da Conceição, de 25 anos, aluna do curso, contou que teve interesse na solda a partir do incentivo da família e da expectativa por melhores salários. Na turma dos 12 alunos, duas são mulheres. “Estou adorando o curso. É melhor do que eu imaginava. Meu pai, meu irmão e meus primos são soldadores. Por isso, sempre tive vontade de trabalhar como eles, nos estaleiros. Vou ter a oportunidade de ter um salário melhor e sei que existem muitas vagas para quem está capacitado”, afirma Ana Maria.
Já o garçom Vilson José Matos Pires, 42 anos, pretende dar uma reviravolta na sua vida. “Minha vontade é trabalhar embarcado, mas com o Comperj podem aparecer, ainda, outras oportunidades”.(O Fluminense)
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