segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Moradores da RO levam duas horas até chegar ao Centro

Quem mora na Região Oceânica sofre com engarrafamentos diários. Para motoristas, piores trechos se encontram na Estrada da Cachoeira e no Largo da Batalha

"Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou”, esta é a primeira estrofe da música “Tempo Perdido”, da  banda Legião Urbana. Mas bem que poderia ser o testemunho de quem precisa sair da Região Oceânica de Niterói rumo ao Centro da cidade. Todos os dias, moradores enfrentam grandes congestionamentos e perdem muito tempo para chegar ao destino desejado, principalmente nos horários de rush, quando a viagem pode levar cerca de duas horas. 

Sem trânsito, o trajeto é cumprido em, aproximadamente, 40 minutos. Para motoristas, os piores trechos de engarrafamento se encontram na Estrada da Cachoeira e no Largo da Batalha.

“O trânsito na Região Oceânica só piora, descer a  Estrada da Cachoeira é sempre complicado. No Largo da Batalha, outro transtorno. Eu que sou comerciante, antes ia muito mais ao Centro de Niterói, mas, agora, procuro ir, no máximo, três vezes por semana. Às vezes, a lentidão é tão grande que eu prefiro ir buscar mercadorias de ônibus, porque de carro é muito estressante”, conta Antônio Carlos Nascimento, 50 anos, morador de Itaipu.

Uma das principais causas para o congestionamento constante é o crescimento considerável no número de veículos na cidade. De acordo com dados do Detran-RJ, em agosto de 2010, Niterói tinha 233.530 veículos registrados. No mesmo mês, em 2011, a cidade possuía 244.365, ou seja, são 10.835 veículos (4,5%) a mais em um ano. Proporcionalmente, a cidade tem quase que um carro para cada dois habitantes. Em São Gonçalo, a relação é de um carro para cada sete habitantes.

Com o intuito de melhorar o trânsito na cidade, a Niterói Transporte e Trânsito (NitTrans), recentemente, anunciou que está para implantar o Sistema Integrado de Trânsito, que deve atender a mais de 200 mil pessoas todos os dias. O projeto funcionará por meio de linhas-tronco, integrando terminais e alimentadoras que vão interligar os bairros da cidade. A construção do Túnel Charitas-Cafubá, que está sendo avaliada pelo Governo do Estado, também é uma das soluções que pode melhorar o fluxo de veículos que entram e saem da Região Oceânica. Outras intervenções, como a criação de faixas exclusivas para ônibus e mudanças de fluxos de vias estão previstas. 

O novo sistema tronco-alimentado contará com cinco Terminais de Integração, espalhados pela cidade: o Terminal da Saibreira, que ficará na Zona Norte, próximo ao bairro Caramujo; o Terminal do Largo da Batalha, que já está na fase de liberação do terreno; o Terminal João Goulart; o Terminal de Charitas; e o Terminal da Região Oceânica, em Piratininga. Uma das medidas inclusas na primeira fase das obras já está em andamento. A passagem subterrânea na Avenida Marquês do Paraná, no Centro, faz parte do corredor que liga o Centro ao Largo da Batalha.

Para o especialista em transporte e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Walber Paschoal, o maior erro das políticas públicas na área de trânsito e transporte é dar uma grande ênfase no transporte rodoviário. Para ele, medidas como alargamento de rodovias, faixas exclusivas para ônibus, entre outras intervenções deste tipo podem resolver apenas problemas pontuais e durante pouco tempo.

“Transporte não é um problema de Niterói, é uma questão mundial. Alargar as rodovias e criar faixas exclusivas para ônibus são medidas paliativas, não resolvem o problema. A solução está no transporte público de qualidade, que não se resume a ônibus. É preciso investir na qualidade do transporte para que o usuário deixe o carro em casa e prefira utilizar o transporte público. Estudos dão conta de que um ônibus, ocupado de maneira agradável, poderia tirar 50 veículos das ruas e ocuparia um espaço muito menor da via, mas ainda acredito que a melhor opção seria o metrô. Muitas autoridades dizem que esta modalidade é muito cara, mas muitas cidades do mundo apostaram neste tipo de transporte público e resolveram o problema, os benefícios superam os custos, mas é preciso interesse do poder público, que poderia buscar incentivos em uma parceria com empresas privadas. Com uma boa malha metroviária que atenda vários bairros, os usuários certamente vão preferir esta modalidade que é muito mais confortável e rápida, então o número de veículos nas ruas diminuiria sensivelmente. Criar novas linhas para as barcas também teria um impacto positivo sobre o trânsito de Niterói”, explicou.(O Fluminense)

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