Município entra em campo e ajuda UFF a dar uso para o imóvel. Espaço será sede da Orquestra Sinfônica Nacional e terá ainda sala de cinema e centro cultural
Agora é oficial. Após muita discussão e idas e vindas, o prédio do antigo Cinema Icaraí - fechado desde fevereiro de 2006 - está desapropriado pela Prefeitura a partir desta terça-feira, com a divulgação do decreto assinado pelo prefeito Jorge Roberto Silveira. No mesmo dia, às 17 horas, o chefe do Executivo transfere o imóvel para a Universidade Federal Fluminense (UFF), em cerimônia no seu gabinete, com a presença do reitor da UFF, Roberto Salles, e do antigo proprietário do prédio, Fernando Policarpo, da construtora Koopex. A informação foi dada nesta pela assessoria da Prefeitura.
O espaço será sede da Orquestra Sinfônica Nacional (OSN), da UFF e também terá ainda uma grande sala de cinema e centro cultural.
“Primeiro, vamos ver em que situação está o prédio. Depois, faremos um concurso entre os estudantes da Faculdade de Arquitetura da universidade para a escolha de um projeto do novo centro cultural da instituição. Em seguida, procuraremos recursos junto a Petrobras, Caixa Econômica Federal (CEF) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Em seguida, uma reforma será iniciada, mas não temos previsão de quando. Depende de como está o imóvel”, informou Salles.
A divergência sobre o valor do imóvel - a UFF ofereceu R$ 10,6 milhões e a Koopex pedia R$ 18 milhões (calculado, segundo ela, pelo Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) - provocou a demora nas negociações entre a universidade e a empresa. De acordo com o reitor da UFF, caso a Koopex não concorde com o valor de indenização a receber pela desapropriação, poderá recorrer à Justiça.
“A CEF avaliou o imóvel em R$ 10,6 milhões e liberou este valor para o Ministério da Educação (MEC) que nos repassou. A briga da empresa não é mais com a gente”, esclareceu Salles.
Procurado pela reportagem, Policarpo declarou que irá esperar pelo valor oferecido pelo Município no ato da desapropriação.
“Tudo depende da forma que será feita esta desapropriação. Isto é um direito da Prefeitura, mas, tem que ser feito o pagamento o mais rápido possível e não apenas a divulgação da indenização. Acho que o processo da desapropriação está seguindo todos os parâmetros corretos. Não tenho como avaliar a situação agora, pois não sei qual vai ser o valor oferecido. Irei aguardar”, disse o empresário, que comprou o imóvel em 2008 por R4 5,5 milhões, da empresa de cinemas Luiz Severiano Ribeiro.
De quando foi fechado até hoje, o prédio está deteriorado e a entrada, coberta por marquise, serve de abrigo para moradores de rua. Construído em 1941, no estilo art-decó (representativo dos prédios da época e que hoje é o último exemplar do estilo na cidade), tinha uma sala de cinema com 811 lugares. Em 2008, foi tombado provisoriamente pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Tramita hoje na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), projeto do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) pedindo o tombamento definitivo.
No ano passado, o vereador Waldeck Carneiro (PT) fez indicação pedindo ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que o imóvel fosse utilizado como centro cultural e sede da OSN. Pedido que foi atendido este ano. De lá para cá, a sociedade se mobilizou pela salvação do prédio e a recuperação do cinema. (O Fluminense)